Projeto laureado com o Prêmio Meyer-Lévy 2025!
Concedido pela Académie d’Architecture, este prestigiado prêmio reconhece, a cada ano, um jovem diplomado cujo projeto de fim de estudos se destaca pela qualidade arquitetônica, pela relevância diante dos desafios contemporâneos e pelo compromisso com uma abordagem inovadora e responsável.
O júri “Jovens Diplomados” destacou a profundidade da reflexão, a coerência do discurso e a capacidade do projeto de oferecer caminhos concretos para uma transição rumo a uma cidade mais sustentável.
Brasília, a capital planejada do Brasil, foi inaugurada em 1960 com o objetivo de promover o desenvolvimento no interior do país e descentralizar os poderes políticos e administrativos. Projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer e pelo urbanista Lúcio Costa, a cidade é estruturada em unidades de vizinhança distintas, sem um verdadeiro centro urbano ou centro histórico, o que reforça uma separação das funções urbanas.
Essa setorização rígida cria centralidades fragmentadas dentro das unidades residenciais, favorecendo círculos sociais fechados. A ausência de um centro urbano limita os deslocamentos a pé, evidenciando que a cidade foi pensada prioritariamente para a circulação de automóveis. Essa abordagem, com um zoneamento estrito que separa funções urbanas como habitação, comércio, lazer e trabalho, coloca em xeque o modo de vida em Brasília. Além disso, essa concepção em escala monumental impõe diversos desafios em termos de mobilidade, baixa densidade e resiliência frente às mudanças climáticas.
Dessa forma, podemos identificar cinco principais desafios: o zoneamento, a mobilidade, a alta demanda por moradias, a gestão hídrica e a problemática social relacionada à significativa população em situação de rua. Atualmente, estima-se que haja pouco mais de 700 pessoas em situação de rua em Brasília, enquanto a demanda anual por moradias gira em torno de 5.000 unidades. Esses desafios impactam diretamente o bem-estar da população e exigem respostas adequadas para melhorar a qualidade de vida na cidade.
Bassin versant et topographie du plateau du District Fédéral - Alt. 1200
Bassin versant et topographie du plateau du District Fédéral - Alt. 1200
Écoulement de l’eau au sein du bassin versant
Écoulement de l’eau au sein du bassin versant
Stratégie de gestion de l’eau à l’échelle du bassin versant
Stratégie de gestion de l’eau à l’échelle du bassin versant
Brasília está situada no ecossistema do cerrado, caracterizado por duas estações bem distintas: uma estação chuvosa e uma estação seca. A bacia hidrográfica do lago Paranoá, que desempenha um papel crucial na gestão da água da cidade, é abastecida por três fontes de água a céu aberto, além de várias captações subterrâneas. O lago Paranoá, um corpo d'água artificial, ajuda a regular a temperatura e a umidade da cidade.
A gestão da água é essencial em Brasília devido ao seu clima. A cidade pode passar até 150 dias consecutivos sem chuva, o que torna o solo extremamente árido e seco. Durante as primeiras chuvas, esse solo hidrofóbico tem dificuldades para absorver a água, o que resulta em um escoamento rápido das águas superficiais sem infiltração. Esse fenômeno é responsável por fortes inundações em vários bairros da cidade, um problema recorrente a cada ano.
Para combater essas inundações, meu projeto propõe uma abordagem integrada, com um plano diretor que combina intervenções horizontais e verticais com base no fluxo das águas pluviais. Essas intervenções incluem um trabalho sobre o tecido urbano, o trajeto das águas, a melhoria da edificação, assim como a preservação e revitalização da fauna e flora locais. Essa abordagem visa mitigar os efeitos das inundações, ao mesmo tempo em que fortalece a resiliência ambiental da cidade.
Para responder a esses desafios, meu projeto propõe uma abordagem voltada para a criação de uma cidade mais resiliente e sustentável. Partindo do princípio de que a sociedade do amanhã será pós-petróleo, o objetivo é reduzir o uso do automóvel, fortalecendo a cidade-parque. Meu projeto se concentra em um trabalho envolvendo água, biodiversidade, densificação, uso do solo e agricultura, ao mesmo tempo em que desenvolve programas educativos, culturais, esportivos e alimentares.
Um estudo hidrológico da bacia do lago Paranoá, onde está localizado o Plano Piloto de Brasília, destacou os problemas relacionados à gestão da água. O clima do Cerrado, alternando entre secas e fortes chuvas, provoca inundações regulares. Para lidar com isso, uma primeira intervenção em escala da bacia hidrográfica do planalto é proposta, utilizando o Parque da Cidade e o Parque Ecológico Burle Marx como barreiras naturais contra o fluxo de águas. Além disso, intervenções menores e verticais no tecido urbano existente são planejadas para reforçar a gestão da água em toda a bacia.
O projeto se divide em três intervenções principais: as casas geminadas da SHGS, as superquadras da 308 e uma parte do Cerrado localizada na baía do lago. Essas intervenções envolvem urbanismo, gestão da água, paisagismo e o edifício existente.
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